A preocupação com a gestão de riscos empresariais tem crescido no Brasil e no mundo e pode ser observada, por exemplo, na expansão do direcionamento de recursos financeiros para a formação de estruturas de compliance que visam, justamente, manter as empresas alinhadas com as normas que regem as relações socioeconômicas dentro de uma cultura que passa a valorizar, cada vez mais, a transparência – ao passo que desvios éticos e corporativos podem comprometer o legado e o futuro das organizações no mercado.
Esse cenário foi confirmado por um estudo da Deloitte o qual apontou que, no Brasil, 73% das empresas pretendem ampliar seus investimentos em programas de compliance até 2024. Também em nosso país, a PwC identificou que 60% dos executivos aumentaram seus gastos com tecnologias para a gestão de riscos.
É importante reforçar, aliás, que essa é uma tendência global: de acordo com uma projeção da consultoria Allied Market Research, até 2027, o setor de gestão de riscos deve crescer a um ritmo médio anual de 18,87% e alcançar, mundialmente, mais de US$ 27 bilhões em valores de mercado.
Accountability como base para a gestão de riscos
Tudo isso é muito positivo e demonstra um interesse genuíno de muitas organizações para que seus negócios se construam segundo princípios de governança e respeito às leis, ao mesmo tempo em que buscam prevenir, detectar e corrigir atos que ponham em risco a estabilidade e o crescimento futuro da empresa.
No entanto, a gestão de riscos empresariais só será implementada de modo amplo e duradouro no dia a dia de uma corporação quando ela vier acompanhada de base de valores capazes de sustentar os esforços e investimentos em prol do compliance e da governança corporativa.
É aí que entra a Accountability, conceito que, em sua perspectiva mais profunda, se refere não apenas a simples prestação de contas, mas, sobretudo, a um conjunto de virtudes que faz com que cada colaborador de uma empresa assuma o senso de dono moral daquela organização e, concomitantemente, entregue resultados com responsabilidade, ética, respeito e empatia pelo seu entorno (colegas, lideranças, stakeholders e consumidores).
Em outras palavras, por meio da Accountability, os investimentos em gestão de riscos são alicerçados por um ecossistema humano de talentos que:
- São responsáveis e assumem seus atos;
- São proativos em identificar processos que podem ser melhorados, riscos e acerca de sua própria melhoria contínua;
- Tem capacidade de zelar pelos bens materiais e imateriais de uma empresa;
- São transparentes sobre suas ações e buscam construir ambientes de trabalho e climas saudáveis;
- Por fim, são pessoas que inspiram os outros e entendem o impacto de suas ações.
Sem Accountability, não há a governança efetiva
Uma prova da importância da Accountability para o sucesso dos processos de gestão de riscos envolve o fato de que nem todos foram ensinados a agir com responsabilidade, protagonismo e segundo princípios morais sólidos.
Sobre essa questão, uma reportagem da Harvard Business Review sobre as razões para o insucesso de programas de compliance indicou que 42% dos executivos entrevistados em uma pesquisa da E&Y seria capaz de adotar comportamentos antiéticos para cumprir suas metas financeiras.
Ou seja: na base dos investimentos em estruturas e tecnologias em prol da governança e do controle de riscos empresariais, é fundamental que se invista na mudança de mentalidades, de modo que uma empresa possa se desenvolver a partir do trabalho de pessoas excelentes, comprometidas com resultados excepcionais e com o impacto positivo de suas ações.
Desse modo, será possível vislumbrar um futuro em que os negócios cresçam a partir de valores éticos, com uma gestão de riscos efetiva e preservem seu sucesso dentro de um mercado em constante transformação no qual a transparência não é mais uma questão de escolha.