A evolução da responsabilidade

A partir do momento em que uma pessoa entende, de verdade, o conceito de Accountability, adquirindo a noção de pegar para si a responsabilidade e gerar respostas com resultados, sua contribuição para consigo mesma e para com os outros ao seu redor eleva-se a um estágio mais alto. Quando isso acontece, nos tornamos melhores filhos, pais, líderes, pessoas.

O planeta precisa de pessoas melhores. Nos próximos anos, provavelmente, vamos assistir a uma mudança ainda maior nos relacionamentos, especialmente no ambiente corporativo. O mundo vai continuar mudando e nossa concepção de responsabilidade precisa acompanhar essas alterações. As estruturas hierárquicas tendem a se tornar menos rígidas; a colaboração genuína será cada vez mais esperada e valorizada.

O trabalho, sabemos, deixou de estar preso a uma sala instalada na sede de uma empresa. O profissional vai trabalhar a partir de diferentes lugares, comunicando-se em tempo real com a sua organização. Até mesmo em ambientes fabris as linhas de produção vão refletir essas mudanças. Em toda parte, a relação com os colaboradores sofrerá alterações provocadas por uma evolução do Código Civil, pela pressão dos sindicatos ou meramente pela simples mudança de mentalidade do colaborador, que não vai mais se sujeitar a trabalhar em qualquer ambiente.

Se esperarmos que as soluções para nossa vida pessoal e profissional venham dos outros – das instituições, do governo, da empresa, dos nossos pais, do cônjuge, do nosso gestor, das circunstâncias – sejam elas quais forem – continuaremos a culpar o mundo pelos nossos sonhos não concretizados.

Questão de consciência

Em linhas gerais, podemos dizer que a responsabilidade evolui a partir da educação, dos costumes, das leis. Na minha avaliação, algumas leis brasileiras retiram a responsabilidade dos indivíduos, em vez de estimular.

É o caso da Lei 9.502[1], de 1997, que dispõe sobre os avisos a serem fixados nas portas externas dos elevadores instalados nas edificações públicas e particulares. É o clássico lembrete: “Aviso aos passageiros: antes de entrar no elevador, verifique se o mesmo encontra-se parado neste andar.”

A meu ver, isso tira das pessoas a consciência de ter atenção aos elevadores. Nem seria preciso que uma lei nos lembrasse disso. Olhar para essas questões é uma missão que cabe a todos nós. Vale destacar ainda que novos desafios se apresentam a cada dia.

Vejamos, por exemplo, a disseminação de notícias falsas nas redes sociais e nos serviços de troca de mensagens, as chamadas fake news, em inglês. A meu ver, quem repassa uma informação é responsável por ela, precisa ter critérios, conhecer a fonte, saber o que está fazendo. Não se pode sair por aí repassando mentiras, os prejuízos podem ser grandes para todos.

Em contrapartida, o comportamento dos accountables, daqueles dotados por essa virtude moral, arrasta junto outras virtudes. Quem tem Accountability tende a ser mais gentil, mais comprometido com os outros, mais compassivo e tolerante, quer o melhor para todos. São normalmente pessoas mais colaborativas e empáticas.

JOÃO CORDEIRO

Um evangelista da Accountability, com a profunda convicção de que é dever de cada um tomar para si a responsabilidade pelo resultado do seu trabalho e como somos o resultado de nossas próprias decisões, podemos sempre melhorar.

NOTÍCIAS RELACIONADAS

Cadastre-se e receba nossos insights e conteúdos exclusivos.

Fale com a gente Fale com a gente