Como fortalecer o pertencimento na cultura empresarial?

Para que possamos refletir sobre a importância do pertencimento na cultura empresarial, é importante voltarmos alguns passos e analisarmos o conceito – aliás, bastante amplo – de cultura.

Definir o que se entende por cultura é um tema que move estudos filosóficos, da política e das formações sociais desde os primeiros registros do pensamento humano. Mas, dentre as muitas acepções possíveis, a formulação do antropólogo britânico Edward B. Tylor é aceita como uma das bases para os estudos culturais. Ela explica que a cultura é todo o complexo de conhecimento, crenças, costumes, artes, leis e pressupostos morais aceitos em uma sociedade.

Dito isso, é perfeitamente possível transferir esse conceito para a esfera empresarial e, por sua vez, ao pensarmos em um negócio com “cultura forte”, pode-se dizer que aquela organização possui princípios bem estabelecidos e compartilhados em todas as camadas da corporação.

É importante, por sua vez, pensarmos nessa ideia de “princípios compartilhados”. Toda empresa é formada e movida por um ecossistema humano. Logo, para compartilhar é preciso pertencer e, para que o senso de pertencimento seja difundido na estrutura de uma organização, além da transmissão dos códigos, normas e valores éticos do negócio, é fundamental que haja a abertura para a diversidade – humana e de ideias – que formam qualquer companhia bem-sucedida dentro de um mercado em plena transformação.

 

Os novos pilares da cultura empresarial

 

Em entrevista para o Jornal da Universidade de São Paulo, a psicóloga e professora Miriam Debieux Rosa explicou que o sentimento ou senso de pertencimento envolvem a “percepção de alguém fazer parte de uma comunidade, de uma família, de um grupo”.

E o desejo de pertencer faz parte da própria condição humana. Não por acaso, o também psicólogo Abraham Maslow coloca o anseio pela estima como um dos pontos mais altos de sua pirâmide das necessidades e, consequentemente, esse valor é uma das principais demandas no ambiente empresarial e para a construção de uma cultura fortalecida.

Sobre esse ponto, aliás, uma pesquisa divulgada no Jornal Valor Econômico apontou que não se sentir incluído na empresa aumenta em até 8 vezes a vontade de um colaborador de deixar uma empresa.

Para superar esse cenário – que potencializa os riscos de turnover em um período complexo de escassez de mão de obra especializada – não basta boa vontade. É importante investir em treinamentos que reforcem princípios de valorização das equipes e a visão ética que sustenta a cultura de qualquer negócio.

Além disso, é indispensável que as lideranças se mantenham antenadas aos pilares da evolução empresarial, que incluem um maior reforço de ações de inclusão, diversidade, responsabilidade e autonomia que caminham em conjunto com as discussões sobre ESG (governança social, ambiental e corporativa).

 

Accountability e o pertencimento na cultura

 

Na base de todos esses valores que sustentam uma cultura forte e na qual o senso de pertencimento é um guia para os “princípios compartilhados” de uma empresa, mora também a accountability – conjunto de virtudes que estimula indivíduos a atuarem de forma responsável, entendendo os impactos de suas ações; e empática, no sentido de uma preocupação genuína com o outro, com todo o “ecossistema humano” que nos circunda.

Retomando o anseio pela estima da pirâmide de Maslow, não é à toa que esse conceito se refere ao desejo pelo respeito dos outros, mas também uma atitude de respeito para com os outros. Ou seja: ao mesmo tempo em que buscamos conquistar a estima de nossos pares, temos por eles uma postura de compromisso, cuidado e consideração.

Assim, para pertencer – e para difundir o pertencimento – lideranças não podem abrir mão de uma visão accountable e de investir em estratégias de difusão dessa perspectiva em seus negócios, ao mesmo tempo em que entendem as novas exigências do mercado e que, para fortalecer uma cultura empresarial é preciso, primeiramente, incluir.

Débora Zonzini

Sócia fundadora, gestora de projetos e consultora especialista em Desenvolvimento de Pessoas e Mudanças, conduz e desenvolve as aulas dos cursos da Accountability Academy. Há mais de 25 anos inspirando empresários de todos os lugares do Brasil a alcançarem seu sucesso profissional com estratégias únicas, focando em transformação e cultura.

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